Internet: oceano poluido
“A mente crédula […] experimenta um grande prazer em acreditar em coisas estranhas, e quanto mais estranhas forem, mais facilmente serão aceitas; mas nunca leva em consideração as coisas simples e plausíveis, pois todo mundo pode acreditar nelas.” (Samuel Butler)
Essa afirmação de Samuel Butler ecoa no mundo digital. Toneladas de coisas estranhas cativam de prazer bilhões de navegantes digitais. Instantaneamente, megabytes de publicações inundam o oceano poluído da Internet. Poluição que se propaga acelerada pelos crédulos, que não somente aceitam, como espalham para os seus “seguidores”.
Ingenuamente, pessoas comuns cultivam um séquito de fãs que acompanham avidamente o que divulgam, seus seguidores. No mundo digital, aqueles com maior número são capazes de convencer, ditar modas, vender produtos. No lugar das reais amizades, o que cultivam é a impessoalidade de curtidas e compartilhamentos, ações simples, para conteúdos diversos.
A verdade não ganha seguidores. Não tem graça divulgar a ciência, mas uma foto de uma cabeça na boca de um tigre ganha o mundo. Em que isso pode ser útil para a vida? Maior agravante se apresenta com a Inteligência artificial. É possível gerar uma foto de um leão com pele de cobra bastante realista, então o prazer da credulidade mais uma vez pode poluir o mundo com fotos, áudios, vídeos, enfim inúmeras esquisitices.
O quarto poder tenta negar fakes com fatos, porém parece que, enquanto houver pessoas dispostas a acreditar no irreal, o que é simples e plausível vai perdendo força. Começar a duvidar do grande prazer do rebuscado irreal é o primeiro passo para que a verdade ganhe poder. Esse deve ser o objetivo de cada um dos bilhões de humanos, navegantes deste pequeno planeta azul.
13/09/25.