Alarme da janela
Pausa no teclar frenético. Cinza, a janela avisa o descanso. Dentro, cheio, o indicador verdejante. Partindo de 10 minutos, regredindo, esvazia. Na cozinha, o filtro espera. Copo de alumínio, água gelada refresca. Na tela da sala, um novelo se enrola. Cheio de desavenças, a moça atenta assiste. Por algum tempo, a conversa, simples e agradável. De volta, 6 minutos luzem no equipamento. Ansiedade contida espera. 4 minutos e 4 segundos. O descanso é saudável, diz a dor que grita nos braços. Obedecer ao alarme não é rotina. Muitas vezes ele clama. Nem sempre é atendido. Na espera, o horizonte se descortina. Rápido, um pássaro corta o céu, derramado na serra do curral que luta com os prédios. Uma paisagem castigada e seca. Brancas nuvens esparsas povoam o azul. Quietas, sem movimento. O verde na tela desaparece. Retomada será a missão. O artista ao teclado retoma, seu corpo agradecido. Novas criações lhe trarão alegria. Não basta criar, é preciso amar o físico. Recordar que não é máquina. Evoluir na disciplina, saber repousar, para que, agradecido, o ser respire. Voador solitário, o invertebrado passa, sem dores nem tensões.
(25/08/25)