Quebrando a monotonia
No horizonte, o ocaso do sol atrás das construções mais distantes. Poucas nuvens no céu tornam o espetáculo ainda mais bonito, adicionando tonalidades adicionais ao céu azul-claro. Prédios multicoloridos, de diversos tamanhos e arquiteturas, brotam do chão. Alguns mais baixos mostram seus telhados marrons. O verde-escuro das árvores esconde as ruas e calçadas, que estão lá, mas não aparecem. Dois urubus esvoaçam de um canto ao outro, fazendo círculos no ar. Sobem alto, a procura de algum alimento. Esse deve ser o último voo do dia. A noite deve chegar logo. O barulho do trânsito aumenta. Jovens começando a curtir os rolês, gente retornando aos seus lares.
Essa paisagem, que nunca se repetirá, anuncia a iminência do anoitecer.
Algumas horas depois, as luzes dos prédios se acendem, assim como a iluminação das ruas, os urubus somem. Os lares vivem a noite, bem como os bares e restaurantes. O movimento continua também nas escolas e faculdades.
Nos pores do sol que virão, as nuvens e árvores diferirão do agora, até mesmo os prédios podem mudar. Os urubus farão voos diferentes, encontrarão alimentos em outros lugares, quem sabe voarão em horizontes distintos. No emprego, seu ganha-pão, pessoas podem viver experiências novas. A juventude continuará alegre, se encontrando no fim do dia, experimentando outros prazeres, estudando e aprendendo novidades. Os pais ouvirão dos filhos narrativas novas, algumas anedóticas, enchendo de alegria e amor seus corações.
O ciclo se repete, mas o que se vive em cada fase é único.
A vida pode apresentar de nuances sutis a mudanças bruscas, que podem passar despercebidas. Notar a paisagem a se alternar a cada dia é incomum, um prédio pode surgir longe dos nossos olhos, de repente podemos notá-lo. Um filho aprende a andar, pronuncia a primeira palavra, mais tarde passa de rabiscos no papel à escrita do próprio nome. Eventos como esse permanecem gravados para sempre em nossa mente.
Esses momentos inesquecíveis dão mais cor à vida, mas assim podem ser, também, as nuances, como uma tonalidade a mais no pôr do sol do dia seguinte. A monotonia pode existir em nós, mas cada dia traz uma experiência diferente. O mais importante é encontrar esse colorido tão especial: existir é perceber os detalhes que quebram a monotonia. Aqueles que não o fazem vivem uma vida cinza.
(11/08/25)