Wingene

José Eugênio

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Consciência

Aurora da mente

Um breve instante de alegria intensa, experiência radiante da mente sem pressa. Que vive um momento além do comum. Uma grande euforia, contida e serena. Caloroso aconchego, fogo que não queima. Não importa o local. Uma caminhada no cinza urbano ou na tranquila pintura, que da seiva emana. Quando os sentidos não ferem e pensamentos não perturbam. A consciência flutua. Um estado possível em simples instantes, que elevam sinapses da energia vital.

Sentir essa dádiva é próprio do humano, mas poucos a buscam. Envoltos nas nuvens das obrigações mundanas. Castigo de Sísifo que nunca termina. Vendendo o suor para nutrir o ego. É preciso despertar a eudaimonia que repousa na mente. Busca dos velhos filósofos do mundo arcaico, que proclamavam a meta de agradar ao espírito. Hoje o progresso é visível, mas prioriza-se o fútil. Encobrindo o sonho ao alcance de todos: florescer a felicidade da alma vivente.

Saciar o espírito é um sonho possível para mentes atentas. Basta enxergar o que se sente e pensa. Assim, em momentos propícios, o espírito cresce. Favorecendo a serena euforia, onde o corpo é o palco dos passos da alma. Basta que estes se apresentem acima do tablado, sem notar a plateia. No conforto do lar, no movimento do trabalho, até em tediosas rotinas, a peça pode seguir. Pois o espírito está à espera da deixa da delicada dança — valsa de neurônios pulsando em sintonia.

A aurora da mente, a serena euforia. Pode acontecer todo dia, em interlúdios de paz e alegria. Ocasiões memoráveis de sentimentos pacíficos e pensamentos harmônicos. Não é o vazio de respirações marcadas, mas a dança suave acima do pensar e sentir. Plateia que não perturba a alma, palco que não ofusca a mente. Que se expande, numa grata sensação de ser por si só. Sem o clamor das sensações. Somente o baile de um ser consciente.

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