Wingene

José Eugênio

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Crônicas

Um minuto

A atenção plena no trabalho é interrompida pelo alerta. Uma necessária pausa, seu aviso clama. Penso em continuar sentado, olhando o brilho que desenha cores no grande retângulo. Destino das letras que povoam meus dedos. Mudo de ideia, vou até a copa, bebo uma água gelada. A mente permanece presente, observando. Mantendo o êxtase dos miolos que vibram os sentidos. Me dirijo até a sala.

Na janela, o olhar se perde na imensidão celeste. Neurônios continuam o baile. Nuvens cinzas cobrem o firmamento, mas uma nesga falha permite o azul. Uma maritaca voa gritando. No pátio do colégio, a algazarra dos meninos, bolas quicando. Sons que não me distraem, somente compõem a música que ouço. Uma criança gargalha contente. Uma alegria infantil ecoa no meu tímpano. Um pássaro pequeno corta o horizonte nublado. A pausa termina.

De volta ao teclado, transcrevo o instante. Pescando palavras, inventando o sentimento. Uma tarefa fluida que espelha o breve momento. O som de sabiás e bem-te-vis se intercalam com monótonos latidos. Sereno e tranquilo, baila o pensar. Preenchendo o vazio com sinceras palavras. Pulsação real da mente atenta. Dez minutos de paz em um minuto escrito.

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