Extrapolar o virtual
Fios entrelaçados povoam a mesa em desordem caótica. Inertes, têm a energia a fluir em suas veias. Ligam aparelhos, numa frenética troca, transportam somente, sem saber o que importa.
Pessoas podem ser condutores, em seu interior só o metal, que nada retém. Conectam e conduzem, sem julgar. Recebem, passam adiante e nada acrescentam. Rolando as telas, ávidos em encontrar uma novidade para propagar.
Quanto mais se dedicam a esse prazer, envoltas como fios enrolados, mais o senso crítico se esvai. Emaranhadas no fútil que seduz com seu brilho tentador, desprezam o saber pela pronta resposta.
Buscar soluções no órgão máximo pode parecer antiquado. Mas é nele que repousa o que somos. A consciência é superior a todos os aparelhos, nela flui a verdadeira energia que nos faz humanos. Extrapolar o virtual e deixar de ser parte, para participar, sentir mais a realidade. Organizar o emaranhado. Superar a teia que embola, ser maior que a tela que cola. Assim, soberano, o tempo da vida livre será.